Ainda mais angustiante do que a dor é o não sentir nada, é o se sentir estranho ao mundo, as pessoas e a si mesmo. O coração aperta, o sentimento é de sufocamento. Andar na vida sem ter certeza de onde se está indo, viver com medo, inseguro e aflito são sensações de quem está vivendo uma crise existencial.
Essa é uma das maiores angústias que se pode vivenciar e um conflito muito atual nos consultórios de Psicologia, as vezes é um sentimento recorrente na vida do indivíduo, outras surge ou se acentua diante de uma frustração ou perda considerável. Em certa medida o vazio é condição humana constitucional, afinal somos seres incompletos e desejantes desde que nascemos, o desejo nos move e na medida em que buscamos algo, nos constituímos. Mas e quando o desejo acaba? Quando o mundo parece vazio e a própria existência sem sentido?

 

Como seres sociais necessitamos nos sentirmos úteis, pertencentes a algo maior, seja um círculo de amigos, a família ou a um trabalho. Ocorre que nesses momentos é como se o sujeito estivesse diante de um espelho que reflete sua imagem distorcida, errada e quanto mais olha nesta imagem, mais acredita ser ela a imagem verdadeira, vai desacreditando de si, tudo o que sente é um buraco no peito.

 

 

Os motivos desencadeadores desse vazio podem ser múltiplos, mas a forma de superá-lo é olhando para dentro de si, questionando em que momento o “eu” se se tornou um estranho. Um acompanhamento profissional é essencial, a análise busca reconhecer o desejo que move cada indivíduo e o processo terapêutico facilita na construção de um arranjo que é sempre individual.
A vida é um eterno caso de recomeços. Ela não se constitui de um sentido claro e respostas únicas, mas é quase sempre um punhado de dúvidas e sentenças subjetivas.
E porque para algumas pessoas é tão difícil recomeçar?
Porque antes de vencermos uma situação que nos levou ao fracasso e a desesperança, temos que nos vencer primeiro: vencer a vergonha, o medo, a humilhação e as culpas.
Tirar os escombros que caíram sobre nós. É preciso coragem.
Uma crise existencial pode ser um momento decisivo na vida, porque diante da superação do abismo interno de total desconhecimento de si, qualquer outra situação adversa se torna pequena.


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